Fluxos e Fixos, o tema da 3ª SSA

O tema da Semana, “Fluxos e Fixos”, foi apropriado de um conceito apresentado pelo geógrafo baiano Milton Santos, sobre a constituição do espaço geográfico aplicando-se de maneira bastante clara no espaço urbano.

Segundo a nossa interpretação do conceito de Milton Santos o espaço seria lido, a princípio como um conjunto de elementos fixos, os objetos físicos propriamente ditos, como prédios, por exemplo. Esses prédios, entretanto, são casas, lojas e hospitais, criados para atenderem a fluxos gerados pelas demandas da sociedade, e sem os quais não tem, de fato, um sentido real. A relação entre fluxos e fixos é dialética, já que novos fluxos exigem instalações físicas, ao passo que a introdução de novos objetos no meio criarão novas possibilidades de interação, modificando fluxos já existentes e criando novos.

Mas os próprios conceitos de fluxos e fixos não são tão óbvios e nem tão fixos assim. Uma rua, por exemplo, é, a princípio, um fixo, mas está de tal forma vinculada com o transitar dos carros que a utilizam que torna-se apenas um símbolo desse fluxo, não possuindo, praticamente, expressão alguma dissociada dele. Os bens produzidos numa fábrica, transportados e consumidos, são objetos materiais, mas podem ser analisados como um fluxo, ou bastante próximo disso por análises da economia. Um rio deve ser tratado como fluxo ou como fixo? Podemos fazer uma intervenção pontual no Imbuí, ou na Centenário e achar que fizemos realmente qualquer coisa que seja em relação ao problema daquele rio ou ele só pode ser trabalhado como um fluxo contínuo?

Outros fluxos ocorrem, ainda, em planos abstratos, como os fluxos de capital e remessas de lucro, as informações que circulam o mundo, as transformações químicas que geram energia no nosso corpo e talvez o próprio desenrolar dos eventos históricos. Por outro lado os fixos podem ser menos materiais, como por exemplo o endereço de um site na internet.

Talvez caiba levantar, ainda, a indagação sobre a real permanência e materialidade das coisas. O mundo sempre esteve em constante transformação e vivemos um momento em que a velocidade de circulação das informações aumenta a cada dia, provocando mudanças também cada vez mais rápidas. Diante disso alguns dos antigos “fixos” caem por terra, sejam eles edifícios históricos ou antigas concepções hegemônicas de mundo. Cabe a nós, então, refletir sobre quão fixas são realmente as coisas que nos cercam, o que tem valor de fato, o que deve ser preservado?

Enfim, a viagem é essa.

A partir desse tema geral, estabelecemos quatro eixos principais de orientação do evento, todos representando demandas com as quais se depara a sociedade e a arquitetura atuais. Os eixos são: Sustentabilidade, Arquitetura e Mercados, Mobilidade e Infra-estrutura.

Pensem a respeito e façam o logo, pode ser mais ou menos literal, ter a ver com todos os eixos ou com os fluxos, com os fixos, com arquitetura, cidade... Se virem!

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